segunda-feira, 20 de julho de 2009

Eu não queria um coração

Eu não queria um coração, às vezes
Que bate e sorri apertado quando a felicidade dura veementemente breve
E continuasse em melopéias freqüentes horas a fio
Suscitando lembranças com cheiro, com gosto de gente
Eu não queria um coração que transborda calado
Que se restringe e se limita a prazeres tão meus
E se deixa, à noite sozinho, valsiar a balada de adeus
Eu não queria um coração que pede carinho
Que sente a ausência de uma contra-parte
E chora seco, sem maldade, de fininho
Eu só queria um coração que lustrasse de vinho
Que anuviasse meu penoso destino
Tão parco, tão lúgubre, tão turvo e sem tino.

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